a poesia acontece aqui fora
perto das latas
e das sacolas plásticas
entre o riso de marina
e um besouro no jardim
nunca um poema reinvindica biblioteca
que é pro poema como que o jazigo
onde os pranteadores vêm nutrir a fleuma
sem jamais tocar
sua matéria indócil
também não vem de um dentro
que a estrutura do poeta é
mera humana víscera:
o poema não habita o abscôndito
antes flana entre os quintais
onde um grilo canta sem ser visto
ou nos bares onde um capiau cochila
nas roupas batidas na pedra
no amor nascido e já enfermo
de uma repentina adolescente
o poema espreita os tolos
e se lhes alfineta a barra
das calças, e sobe pelas pernas
dedilhando as vértebras
ensaiando já a música
que lhe dará corpo
mas às vezes se apreguiça
e vira arroto.
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Um comentário:
hahahaha. Muito boa, Estevão! Se tem uma coisa que nunca duvidei foi do teu talento! Abração!
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