poeta crônico

dar ao nome dor
um ente

eis talvez a sina
a que se destina
este teu cantor

mesmo que essa dor
seja dor de dente

náufrago

na dança do redor em torno de si
a poesia é meu modo de ficar parado

ancorado no epicentro do vórtice
suporto um corpo que me suporta

sem respeito pela sucessão dos fatos
entremeado por todas as horas

dormidas
vindouras
presentes

atiro garrafas ao mar
perdendo horizontes
e zênites


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